sábado, 30 de abril de 2011

Historias Amorais para crianças e animais já está no Facebook! Venham daí

Já podem visitá-lo aqui.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Apresentação oficial do livro


Caso não consigam ver bem o cartaz, aqui ficam as informações:
A apresentação oficial das "Histórias Amorais para Crianças e Animais" será em Lisboa no dia 7 de Maio, às 19 horas, no Espaço Fábulas, no Chiado, que fica na Calçada Nova de S. Francisco, nº14.
Vai haver um apontamento musical a cargo de Rodrigo Amado e Luis Lopes e a apresentação do livro será feita por José Mário Silva.
Não faltem!

As Histórias Amorais para Crianças e Animais já se encontram à venda!

É verdade, confirmo!
Outro dia, fui à FNAC do Chiado e já lá estava o livro.
Ontem, um amigo meu disse-me que o livro estava à venda na FNAC do Centro Comercial Colombo.
Há bocado, um colega de trabalho disse-me que tinha comprado um exemplar na cidade do Porto.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Entrevista ao autor, a propósito das Histórias Amorais

1)      A escrita, a advocacia, a música rock: qual o lugar de cada uma na sua vida e nos seus dias?

Resposta: em primeiro lugar, tratem-me por tu. Ainda tenho 31 anos, o que significa, neste Portugal de 2011, que acabei de entrar para a pré-primária. E agora, respondendo à pergunta: cada um destes “ofícios” ocupa um espaço nos intervalos da minha preguiça. Pratico a advocacia quando tem mesmo de ser, ou seja, quando tenho de entregar alguma peça processual e o prazo para responder está próximo do fim ou quando Deus-Pai me deita aquele olhar e me manda ajudar o próximo. Pratico a literatura quando tem mesmo de ser, ou seja, quando me surge uma ideia que tenho mesmo de passar para o papel, sob pena de ficar com urticária no dedo mindinho do hemisfério sul da alma. Quanto à música rock, vivo para ela quando consigo reunir os meus colegas de banda e quando ultrapasso a preguiça inicial de ligar cabos e amplificadores. Quando os obstáculos iniciais são ultrapassados, vivo plenamente na música rock e na literatura. Quando os dias correm bem, sobrevivo das práticas jurídicas reiteradas.

2)      Escreve há muito tempo? Tem coisas na gaveta? Este livro é a sua primeira tentativa para dar forma mais global aos textos que vai escrevendo ou houve outras tentativas antes?

Resposta: escrevo há bastante tempo, mais precisamente desde os cinco anos de idade, quando escrevi a minha primeira música, que se chamava “Santchy Wackwy”. Não sabia inglês e era uma tentativa fonética de escrever nessa língua.
Quando aprendi inglês, passei a fazer tentativas fonéticas de escrever em zulu. Tem sido sempre assim com todos os contos que passei para papel.
Falando um pouco menos a sério, tive uma fase Rimbaud, aos 17 anos e escrevi má poesia. Depois comecei com os romances incompletos.
No fundo, os meus contos são isso mesmo – romances incompletos.
Tenho muitos textos na gaveta, que querem saltar cá para fora. Até agora, consegui mantê-los bem trancados. Mas sei que se querem revoltar e qualquer dia…
As histórias amorais representam uma concessão que dei a alguns desses contos. Como se portaram bem, resolvi mandá-los cá para fora, em liberdade condicional. É a primeira vez que tal acontece. Se eles se portarem bem, talvez liberte mais alguns.

3)      O mundo que os seus textos dão a conhecer é um mundo de gente sem vínculos: afectivos, profissionais, sociais. Resumindo: um mundo precário. Ou um mundo «de precários», para retomar uma designação agora incandescente?

Resposta: o título inicial deste livro era: “a inércia explicada às crianças”. Como podem ver, o próprio título do livro teve uma existência precária. Poderia dizer que é um mundo de precários se julgasse que a sua situação é precária. Contudo, desconfio que ainda se vai construir mais uma pirâmide no Egipto (ou Egito? As palavras são precárias) e a sua situação afectiva, profissional e social manter-se-á inalterada.
Vou contar um segredo: eu dei a chave da gaveta aos meus personagens. Desconfio que vai ficar bem guardada. Ai se os contos desconfiassem…


4)      A versão do absurdo que pratica tem ainda a ver com isso ou vem lá mais do fundo?

Resposta: eu acho que ainda vai mais lá do fundo da gaveta. A gaveta tem vários compartimentos, cada um dos compartimentos é zelosamente guardado pelos meus personagens. Mas eu tenho pouco tempo…
Por isso, quando quero publicar alguma coisa, meto as mãos, ao calhas, na gaveta, e tiro de lá a primeira coisa que agarro…o resultado que sai é uma versão diária aleatória do absurdo.

5)      Além do Código de Processo Penal, quais são as suas grandes influências literárias?

Resposta: O Código de Processo Penal é um grande livro de cabeceira. Utilizo-o principalmente durante o Verão, para matar melgas.
Na adolescência, tomava uma gota de literatura fantástica do século XIX e outra de Kafka antes de me deitar e engolia uma colher de Boris Vian. Vieram depois os ventos da América, veio o Borges e com o Bioy tentei Casar, mas tenho de Cortazar que tive um aRulfo com ele.
Michaux, Bukowski, Cossery são outros dos nomes que vêm à berlinda. Mas é como a questão da mão que meto ao calhas na gaveta – surgem sempre coisas diferentes conforme os dias.



6)      Uma vez que é advogado e escritor, diga-nos: gostava mais de vir a ser um Marinho Pinto ou um valterhugo mãe?
Resposta: nem um nem outro. Eu sou Santíssima Trindade, sou João e Diogo e Zagalo, advogado-escritor-músico, com uns toques de actor e de outras coisas que venham à rede, que sonha ser esfinge durante as manhãs, e se tenta transformar no bicho do filme de “A mosca”, mas que é bom rapaz e come a merenda da lancheira enquanto ama em segredo as nuvens que passam.

7)      O teu livro tem como destinatário “crianças e animais”. Que crianças e que animais?
Resposta: gosto muito de peixes e estes têm sido os meus destinatários preferenciais. Mas como não quero que me acusem de ser elitista e porque quero alargar o público-alvo, lembrei-me dos meus amigos animais e das criancinhas de todo o mundo. Quando eu era pequeno tinha um poster no quarto, que dizia: “o melhor do mundo são as crianças”.
Melhor do que as crianças, só as crianças-animais, de todas as idades e feitios, dos 0,7 aos 777 anos. É a eles que dedico este livro, com todo o amor e carinho.